Newsletter #3
Falo de um filme sobre uma importante figura histórica politeísta da Antiguidade Tardia, de uma recente descoberta em uma das pirâmides mais célebres do Egito e do festival Phallephoria em Atenas
Uma “câmara secreta” em Queóps
Recentemente foi descoberto um espaço até então desconhecido dentro da grande pirâmide de Gizé, onde supostamente jaz o faraó Queóps (Khufu em egípcio), do Reino Antigo. Ele tem 9m de profundidade e 2m de largura e foi encontrado graças a novas tecnologia de ultrassom e radiografia de raios cósmicos. Essa descoberta é relevante pois indica que esse vazio dentro da pirâmide serviria de apoio para um outro corredor, ainda oculto. A tumba e os tesouros de Queóps nunca foram encontrados, ao contrário dos dos outros faraós das grandes pirâmides, portanto essa descoberta pode ser uma das mais importantes do século, como afirmou o famoso egiptólogo egípcio Zahi Hawass. A thread da Márcia Jamille resume bem o ocorrido.
O filme “Ágora” e o Martírio de Hipátia
Março é o mês do aniversário de morte de Hipátia de Alexandria, uma grande filósofa neoplatônica e cientista que viveu em Alexandria, Egito, durante a Antiguidade Tardia. Ativa em um momento de graves tensões entre pagãos e cristãos, Hipátia ficou conhecida por sua tolerância e diplomacia, já que suas aulas eram abertas a todos independente de suas crenças. Podemos ver isso no filme “Ágora”, com Rachel Weisz no papel principal (que parece gostar muito de Egito antigo) e dirigido por Alejandro Amenábar, que descreve muito bem o Egito no final do Império Romano, apesar de omitir bastante a religiosidade de Hipátia.
Sua m0rte nas mãos de monoteístas teocráticos foi vi0lenta demais para ser descrita, mas marcou o fim de uma era. Hipátia tornou-se um símbolo de resistência politeísta e seu martírio é celebrado em Março, coincidentemente o mês da mulher. Para além do espiritual, Hipátia foi uma mulher de ciência em um mundo de homens, o que por si só é um grande legado para todas as mulheres.
Você pode aprender mais sobre ela neste vídeo em espanhol e neste em inglês
O Festival Phallephoria
Recentemente, durante o nosso Carnaval (não, não é coincidência) em Atenas foi celebrado o festival Phallephoria em honra a Dioniso, que teve o apoio de grupos politeístas. Não é a primeira vez que esta festividade é celebrada, mas desde a pausa em 2020 o número de participantes cresceu substancialmente. Foi uma parada de pessoas mascaradas carregando inúmeros símbolos fálicos. Você pode ler mais no site do evento em inglês.
Foto do dia
Csaba Locsei (Flickr)